Preocupado com a forma como diversos segmentos da sociedade utilizam a arte de falar ao público nomeadamente políticos, jornalistas, professores, apresentadores e outros profissionais cuja actividade exige o uso permanente da voz e da escrita, o docente universitário Pedro Promessa alerta para facto de a língua português padrão estar a ser constantemente atropelada.
Por: João Afonso
Durante um encontro realizado esta semana em Cacuaco com membros da Associação de Luta Contra o Assédio (ALCA), um especialista em comunicação destacou fragilidades recorrentes na oratória de diferentes profissionais, com enfoque especial nos políticos, jornalistas e professores.
Segundo o orador, muitos políticos ainda demonstram desconhecimento das técnicas básicas de oratória. “Há políticos que fazem discursos presos aos papéis, falando de forma monótona. Mesmo quando o conteúdo exige leitura por conter elementos técnicos, a dependência excessiva do texto reduz o entusiasmo, elimina as variações de voz e dificulta a conexão com a audiência”, explicou, acrescentando que a falta de flexão vocal compromete o impacto da mensagem.
Em relação à comunicação social, o especialista chamou atenção para os erros frequentes cometidos por jornalistas, sobretudo no uso da próclise e nos vícios de linguagem. “Reconheço que os jornalistas precisam comunicar com um público heterogéneo, o que exige técnicas próprias. Porém, em muitas emissões, observam-se falhas que poderiam ser evitadas”, afirmou.
O entrevistado alertou ainda para a necessidade de maior rigor linguístico. “Tem havido muitos erros, especialmente em programas de entretenimento, onde algumas palavras não são pronunciadas com precisão. É comum ouvirmos jornalistas suprimirem o ‘s’ do plural, o que compromete a clareza”, criticou.
No sector da educação, Pedro Promessa apontou dificuldades entre alguns professores na construção de textos com coerência e coesão. Apesar disso, reconhece avanços: “A oratória tem evoluído, embora ainda enfrente desafios que precisam ser superados.”
Como recomendação, o académico defende maior valorização da língua portuguesa como instrumento essencial de comunicação. “É importante recorrer aos prontuários e reforçar a leitura. O conhecimento só é válido quando é partilhado, e a prática é o critério de validação da verdade”, concluiu.
Recorde-se que o português é a língua oficial de Angola

