Engana-se quem pensa estar realmente seguro ao trocar zonas periféricas por áreas urbanas. Os amigos do alheio parecem não estabelecer limites e, nos últimos meses, o roubo de placas de viaturas antes mais comum em outras regiões tornou-se prática frequente na Centralidade do Sequele, município com o mesmo nome, na província do Icolo e Bengo. Moradores afirmam que a criminalidade aumentou e clamam por reforço policial.
Por: João Afonso
A equipa do nosso jornal deslocou-se à centralidade para ouvir relatos de quem convive diariamente com o problema. Entre os crimes mais denunciados, destacam-se o furto de placas de viaturas, pneus e outros acessórios automóveis.
Manuel António Fula, residente há 10 anos no bloco 06, prédio 36, afirma que a tranquilidade que esperava encontrar ao mudar-se para o Sequele não corresponde à realidade. “O meu carro já teve a placa roubada. Fui obrigado a comprar outra”, lamenta.
Quem também se mostra preocupado é Avelino Kalunga, que vive há 13 anos na centralidade. Ele confirma o aumento dos roubos e relembra um episódio em que testemunhou a fuga de assaltantes.
“Uma vez vimos os ladrões a fugirem com a placa. O alarme da viatura disparou, mas já não conseguimos alcançá-los”, contou.
Já Osvaldo Gregório, morador do bloco 09, prédio 13, diz que muitos habitantes foram obrigados a instalar câmaras de vigilância e reforçar grades nas residências. Segundo ele, o número de assaltos tende a aumentar no final do ano.
Mesmo recém-chegado à centralidade, Soares dos Santos, morador do bloco 07, prédio 02, afirma já ter presenciado cenas de crime, especialmente o roubo de placas. “Ouço muitas reclamações. Uma vizinha do meu prédio também já perdeu as placas”, relatou.
Moradora há uma década, Isabel Sebastião, do bloco 09, prédio 15, reforça que a insegurança é constante. Para ela, os assaltantes actuam sobretudo nas avenidas onde os carros ficam estacionados sob os prédios ou expostos por falta de um parque apropriado.
Apesar de reconhecerem o trabalho da Polícia Nacional, os habitantes defendem maior presença policial, sobretudo durante a noite, período em que afirmam ocorrer a maioria dos crimes.
“Dentro dos apartamentos, os assaltos já foram piores, mas diminuíram. O mesmo não se pode dizer das placas e acessórios de veículos. Falta iluminação pública quando um poste cai, não é reposto. As ruas ficam escuras e facilitam os crimes. Em uma semana podem roubar mais de dez placas, e poucas vezes os casos são esclarecidos”, denunciam.
Segundo os moradores, a sensação de segurança diminuiu com o passar dos anos. Hoje, muitos vivem em alerta constante e esperam que medidas estruturais e operacionais sejam tomadas para travar a onda de roubos.


