Após semanas marcadas por assaltos violentos, o bairro Deolinda Rodrigues, no município de Cacuaco, começa finalmente a respirar um clima de maior tranquilidade. Durante o mês de Outubro, a comunidade viveu um verdadeiro cenário de terror, com sucessivas invasões protagonizadas por grupos mascarados e fortemente armados que actuavam sobretudo durante a madrugada.
Por: João Afonso
Segundo relatos colhidos no local, os assaltantes arrombavam portas, faziam famílias reféns, ameaçavam morte e violência sexual e, em muitos casos, prometiam regressar. O medo instalou-se e muitos moradores ainda convivem com a sensação de abandono e insegurança.
Sebastião Narciso, um dos residentes, afirma que mais de dez residências foram assaltadas no período, situação que considera alarmante. O nosso interlocutor lamenta ainda a morte de alguns jovens em consequência da delinquência no município e acredita que parte dos criminosos vive no próprio bairro.
“Presumo que alguns dos meliantes são moradores daqui. A turma do apito, em colaboração com a polícia, tem feito um bom trabalho. Os assaltos pioraram no final de Outubro, mas agora sentimos alguma calma”, disse Narciso, que elogia a iniciativa comunitária de vigilância.
Outros moradores, que preferiram o anonimato por temer represálias, confirmaram que as suas casas foram invadidas. Uma das vítimas afirmou que os assaltantes ameaçaram colocar sua filha numa arca caso não entregassem os bens exigidos. Outra relatou ter sido surpreendida por três homens armados, que alegaram ter sido “orientados a roubar” a residência, levando telemóveis, calçados, água mineral, cremes e perfumes.
Há ainda relatos de ameaças de abuso sexual, o que reforça a suspeita de que o grupo actua de forma organizada e coordenada.
O Presidente da Comissão de Moradores, João Ferreira, reconhece o clima de tensão vivido no mês passado e destaca o papel da polícia na contenção da criminalidade.
“Há duas semanas que dormimos em paz. O policiamento está mais presente, principalmente à noite. Os assaltos atingiram o auge no fim de Outubro e esperamos que a polícia continue a trabalhar para termos uma quadra festiva tranquila”, afirmou.
Ferreira acrescenta que, durante as acções criminosas, os supostos meliantes obrigavam moradores a realizar levantamentos em caixas multicaixa mediante ameaça com “TPAs”, além de roubarem bens como perucas.
O responsável apela à colaboração da população e mostra confiança nas autoridades locais:
“Queremos um bairro mais seguro. Dou nota positiva ao administrador, apesar dos desafios que o município enfrenta. Acreditamos em dias melhores.”
A comunidade já solicitou às instâncias superiores a construção de uma esquadra policial no bairro.

