
Nos últimos anos, a ascensão das redes sociais transformou a maneira como nos comunicamos e consumimos informação. Em Angola, essa mudança tem sido particularmente visível, com um número crescente de pessoas se autodenominando influenciadores. No entanto, é crucial distinguir entre o que é um influenciador e um criador de conteúdo, uma diferença que, embora sutil, é significativa.
Fonte: Club-k.net
Hoje, qualquer pessoa que acumule um bom número de seguidores nas redes sociais pode se considerar um influenciador. Contudo, a realidade angolana revela que, enquanto temos um grande número de criadores de conteúdo, a quantidade de influenciadores efetivos é bastante reduzida. Muitos que produzem conteúdo digital não têm o poder de influenciar as decisões de compra ou as opiniões de seus seguidores, uma característica fundamental dos influenciadores.
O criador de conteúdo tem como foco principal a produção e distribuição de materiais digitais originais e de alta qualidade. Este pode incluir vídeos, fotos, textos, tutoriais e guias que visam engajar uma audiência específica. O objetivo é construir uma comunidade e compartilhar conhecimento ou entretenimento através de diferentes formatos. Em Angola, muitos criadores de conteúdo têm se destacado, oferecendo um olhar fresco sobre temas variados, desde a cultura local até questões sociais e políticas.
Por outro lado, um influenciador digital é alguém que constrói uma base sólida de seguidores e usa sua personalidade e alcance para impactar as decisões de compra e as opiniões do público. O objetivo do influenciador é se tornar uma figura pública com credibilidade em um nicho específico, colaborando com marcas para promover produtos e serviços. Para ser considerado um influenciador, é necessário não apenas ter seguidores, mas também a capacidade de engajá-los de forma significativa.
O que temos observado em Angola é uma proliferação de criadores de conteúdo que, muitas vezes, não possuem influência em nenhum nicho específico. Isso se deve, em parte, à falta de entendimento por parte dos profissionais da comunicação social, que frequentemente rotulam todos os que criam conteúdo como influenciadores. Esse equívoco pode desvirtuar a verdadeira essência da influência, que se baseia na credibilidade e na capacidade de impactar o comportamento do público.
Posso afirmar, sem medo de errar, que temos poucos influenciadores verdadeiros em nosso país. No entanto, a boa notícia é que muitos criadores de conteúdo têm ganhado destaque e, em muitos casos, já estão conseguindo viver do que produzem. Eles estão moldando a narrativa cultural e social de Angola, trazendo à luz questões importantes e promovendo um diálogo necessário.
Em suma, a diferença entre influenciadores e criadores de conteúdo é clara, mas frequentemente ignorada. Enquanto os criadores de conteúdo se dedicam a produzir materiais de valor, os influenciadores utilizam sua influência para impactar o mercado e a sociedade. Em Angola, é fundamental que continuemos a valorizar os criadores de conteúdo, reconhecendo seu papel vital na construção de uma sociedade mais informada e engajada. Assim, poderemos avançar para um ecossistema digital mais saudável e diversificado, onde a autenticidade e a criatividade sejam celebradas.
Pedro Muenho- bacharel em jornalismo e teologia, mestre em jornalismo e RH, doutor em Educação