A Associação de Luta Contra o Assédio (ALCA) está a reforçar a busca de apoios institucionais com o objectivo de se proteger de possíveis sabotagens provenientes de pessoas influentes, sobretudo integrantes de equipas de elite que, segundo a organização, são muitas vezes autores de práticas de assédio contra subordinados.
Por: João Afonso
A declaração foi feita após a última reunião do ano, na qual a ALCA avaliou as actividades realizadas e traçou a programação para o novo ciclo. O próximo ano terá como eixos principais sessões formativas, palestras e o registo de casos de assédio, considerados como prioridades para posterior encaminhamento às instituições competentes.
Segundo o presidente da associação, José Manuel Francisco, “ninguém caminha sozinho”, e é com base neste princípio que a ALCA pretende consolidar parcerias para garantir a implementação segura e eficaz das suas acções, uma vez que se trata de uma causa “sensível” que exige conjugação de esforços.
Apoios já solicitados
De acordo com José Manuel Francisco, várias instituições já foram contactadas, entre elas a Presidência da República, governos provinciais e órgãos de justiça, como o Serviço de Investigação Criminal (SIC), que recentemente assinou um convénio com a associação.
“Nem tudo é um mar de rosas”
O presidente reconhece que os desafios são muitos, mas mantém-se firme na missão. “Fizemos um balanço positivo, embora reconheçamos que nem tudo é mar de rosa. Devemos ter Cristo no centro das atenções para seguirmos com as nossas acções. Agradeço a Deus por ter iluminado um pobre homem como eu na criação da associação”, afirmou.
José Manuel Francisco esclareceu ainda que, apesar de a ALCA ter nascido no seio da Igreja Católica, a organização é aberta a todos. “A associação é para todos os angolanos, sem distinção de cor, raça ou religião. Todos são bem-vindos desde que venham para ajudar”, destacou, agradecendo igualmente o apoio dos conselheiros, com realce para o bispo diocesano, Dom Maurício Agostinho Camuto.
“A prioridade é apoiar a vítima, não atacar o assediador”
A vice-presidente da ALCA Júnior, Maria Lucas Fernandes, reforçou que o foco da organização é proteger e apoiar a vítima, evitando confrontos precipitados.
“O nosso objectivo primário é apoiar a vítima e não atacar o assediador. Só depois de reunirmos todas as evidências que comprometam o presumível agressor é que avançaremos, com cautela, para o registo e apresentação do caso às autoridades competentes”, explicou.
“Há pessoas a nos subestimar”
Uma das maiores preocupações apontadas por Maria Lucas Fernandes é a existência de indivíduos que subestimam a organização devido à juventude da sua liderança.
“Por sermos mais jovens, algumas pessoas tendem a subestimar-nos. Isso afecta-nos, mas também nos torna mais fortes. Estamos cientes de que a união faz a força e contamos com o apoio incondicional das nossas famílias, que inicialmente mostravam algum cepticismo”, referiu, garantindo que a ALCA não permitirá que ninguém inviabilize o seu trabalho.


