Moradores são forçados a abandonar residências por causa da elevada onda de criminalidade.
É precisamente na zona 03, sector 04 na conhecida área do Valinho onde há vários moradores a abandonarem as suas residências devido aos índices de criminalidade que se têm registado nos últimos dias sendo o período nocturno preferido onde se desenrolam os episódios perpetrados pelos amigos do alheio.
Por: João Afonso
A conhecida área do Valinho é assim denominada por causa da empresa com mesmo nome sediada no bairro urbanização 17 de Setembro há mais de 15 anos onde a população daquela zona tem vivido nos últimos dias momentos de terror por conta do elevado índice de criminalidade.
A propósito a nossa reportagem visitou algumas residências e dentre as quais fomos recebidos pela Dona Isabel Paxe, que segundo conta, foi vítima de assalto em plena residência na semana passada e a mesma lembra com terror o que viveu junto da família. A nossa entrevistada conta que os amigos do alheio penetraram em sua casa por volta das 2h tendo na ocasião os mesmos arrombando a janela que dá acesso a cozinha e de imediato efectuaram um tiro no chão da sala.

“ Eu e o meu esposo ouvimos barulho e os cães estavam a ladrar, o meu marido espreitou por meio da janela e viu um indivíduo mascarado no quintal e naquele instante, ligamos rapidamente para alguns vizinhos para informar o que se passava e quando menos esperávamos os meliantes entraram e de seguida amarram o meu esposo e apontaram -nos uma arma de fogo “ lembra Isabel visivelmente chocada com o episódio vivido naquela noite inesperada.
“Os Meliantes ligaram o ferro de engomar para ameaçar queimar o bebé de apenas um ano “
A nossa interlocutora esclareceu ainda que os marginais na ânsia de levar todos os pertences disponíveis aos olhos deles ligaram o ferro de engomar e pretendiam coloca-lo sobre o corpo do bebé de apenas um ano de vida e também ao esposo, mas graças ao vizinho, por sinal efectivo da polícia que efectuou disparos no momento, os mesmos fugiram, acrescentou a fonte.
Já a senhora Ruth Domingos, que decidiu visitar a irmã naquela semana turbulenta contou ao nosso Jornal que os meliantes levaram todos telemóveis, dinheiro, cartão multicaixa, e a botija de gás de cozinha.
“Eles estavam dispostos a levar tudo e não sei o que seria de nós se o vizinho não fizesse os disparos para dispersa-los, entrei em choque e não aguentava ver a minha sobrinha de 7 anos que sofreu ameaça de uma faca, foi um verdadeiro pânico” disse.
Gika Congo comoveu -se com a situação enfrentada pela vizinha uma vez que sentiu a sombra dos meliantes passando no seu quintal para mais tarde dizer que já se deparou com um grupo de delinquentes logo pela manhã, assim que se dirigia ao trabalho.
“ Todos eles com facas e catanas, mas graças a Deus não fui mexido, mas é arrepiante viver essas situações”.
Gomes Araújo, vive apenas há um ano no bairro e conta que já escapou de um assalto mesmo depois de os meliantes terem destruído a janela e acrescenta explicando que o pior não aconteceu graças a pronta intervenção da vizinhança e sobretudo da Polícia.
Apesar de os meliantes não penetrarem na residência, Gomes confessa que não tem tido um sono tranquilo.
“ Mesmo assim, não me sinto bem, pois a partir das 21 horas o sono não vem porque tememos, eles podem aparecer a qualquer momento, como temos visto aos outros vizinhos que têm sido vítimas de assalto, eu já presenciei mais de 20 assaltos desde o tempo que estou a viver nesse bairro e o mais arrepiante foi ver uma das casas onde estiveram 12 deliquentes durante a calada da noite, eu espreitei e ouvi muitos tiros” lamentou.
José Ramos, residente há 9 anos e vítima de assalto, queixa-se de roubos recentes no bairro onde segundo ele, os amigos do alheio terão levado cabos eléctricos e na altura a polícia foi accionada mas não deu cara, conta o morador.
“Já fui assaltado duas vezes na via pública, os malfeitores levaram os meus telemóveis e algum dinheiro, e as vezes fazemos a participação à polícia e nem sempre aparece e isto desmotiva o povo, por isso há bairros onde a população faz justiça com mãos próprias “ denunciou.
De acordo com demais interlocutores, o único problema do bairro é somente a delinquência como disse neste jornal Lucas Francisco que para ele o período nocturno é um verdadeiro pesadelo.
Manuel Mário Monteiro, morador há 10 anos, também diz que já caiu na armadilha dos criminosos e considera o bairro turbulento por entender que está a ser bastante preocupante a onda de assaltos e o pouco policiamento.
“E frustrante perder as coisas nas mãos de um grupo de ladrões, eu por exemplo me foi recebido o meu computador, telefone e fui assaltado três vezes”.
Outra voz que se pronunciou aos nossos microfones é o jovem José Madolo que reside há largos anos no bairro e diz que outrora era calmo e admira por isso os níveis de insegurança que se assistem actualmente.
A Polícia tem feito a sua parte, admite o Coordenador da Comissão de Moradores

Interpelado pelo nosso jornal, o Coordenador da comissão de Moradores da zona 4, sector 03 da conhecida área do Valinho reconheceu a insegurança no Bairro Urbanização 17 de Setembro, mas por outra, reconhece que a polícia tem colaborado com a população fruto das auscultações promovidas pelo Comando Municipal de Cacuaco onde o Comandante não mede esforços e ouve a população, salientou o Coordenador.
Lázaro Wanongasolidariza-se com os vizinhos que já foram vítimas de assaltos quer nas vias públicas quer em residências, mas reprova a atitude daqueles que abandonam as suas próprias casas e quando questionado sobre o número de casas abandonadas, o responsável não avançou números a propósito.
“ Os níveis de insegurança aumentaram nos últimos dias, mas é necessário que cultivemos o espírito de denúncia para contrapormos essas situações, temos conversado com os nossos irmãos no bairro e acreditamos em dias melhores e na colaboração da polícia “ disse a fonte.

