O sistema de água canalizada no Mercado Municipal do Sequele encontra -se inoperante há vários meses, situação que tem dificultado a manutenção e higiene do local e colocado os vendedores em constantes desafios para o exercício da actividade comercial.
Por: João Afonso
A falta do recurso obriga comerciantes a procurarem água fora da praça, muitas vezes a custos próprios como nos conta dona Neusa André, vendedora de carne que lamenta a situação que segundo afirma, “ já dura há muito tempo “ e a obriga a retirar parte dos lucros diários para garantir água por vias alternativas. A mesma preocupação é partilhada por Isabel Miguel Muanza, comerciante de peixe seco. Ambas relatam que a ausência de água compromete a limpeza diária das bancadas e faz com que tenham de contratar jovens para buscar o líquido nos arredores aproveitando a água proveniente de apartamentos localizados próximo do mercado.
Além da escassez de água, os vendedores denunciaram o aumento de furtos no interior do mercado. Emília Janeth, vítima em duas ocasiões, afirma que grupos de menores provenientes de bairros adjacentes entram no recinto para criar confusão e furtar mercadorias.
“ Muitas vezes perdemos os nossos produtos e não temos retorno. Quando o autor é identificado, a família tenta fazer devolução, mas nem sempre resulta” explicou uma das entrevistadas, reconhecendo, entretanto, a pronta intervenção da polícia sempre que solicitada.
Vendedores alegam perca de clientes após mudança de paragem de táxis
Quer no interior do mercado quer no exterior, os vendedores afirmam que o fluxo de clientes varia diariamente. O final do mês é apontado como o período mais movimentado. No entanto, referem que a mudança da paragem de táxis contribuiu para a redução da clientela.
Maria Valentim, 55 anos, vendedora de fuba há 23 anos, 10 dos quais no Sequele, afirma que as condições externas do mercado agravam durante a época chuvosa.
“ Quando chove, sofremos bastante, fica tudo lamacento. Usamos sombrinhas, mas não resolve,” lamentou.
Marcelina António Issenguele, antiga vendedora do mercado do Roque Santeiro e actualmente comerciante de fardos, recorda com nostalgia os tempos de maior movimento.

“ Naquela época, no Roque Santeiro vendia muito. Até as 15 h já dava para ir para casa. Aqui, no Sequele vendemos apenas para remediar” afirmou.
Administrador reconhece problema e garante que solução está em curso
O administrador do mercado António Manuel Ndombaxe reconhece a falta de água nas torneiras, mas esclarece que os balneários dispõem do recurso.
“ O sistema de água canalizada não permite que a água chegue com 100/% de pressão “ explicou.
Ndombaxe assegurou que a administração tem trabalhado para resolver o problema e que já foi feito um expediente junto da EPAL bem como as condições externas do mercado.
“ Eu estou a frente do mercado há quatro meses e encontrei o problema por resolver. Já encaminhamos a situação às instâncias superiores e temos garantia de que a água será restabelecida e a maior dificuldade na parte externa do mercado é no tempo chuvoso mas não podemos avançar nada sem avaliação técnica da administração municipal para acudir a situação ”, afirmou, acrescentando que não recebeu denúncias formais sobre furtos.
O Mercado Municipal do Sequele conta com mais de 500 vendedores, muitos deles oriundos de diversos pontos de Luanda. Importa referir que o espaço não está autorizado para a venda de bebidas alcoólicas.


