Populares de áreas vulneráveis tentam sair do “buraco” do esquecimento há 15 anos
Várias são as casas construídas nas zonas de risco no bairro Boa Esperança Central que a qualquer momento podem desabar. A situação já se vive há mais de dez anos, mas as autoridades governamentais fazem ouvidos de mercadores.
Por: Redacção
A problemática das casas construídas em zonas de risco em Luanda continua a ser notório em algumas zonas da capital do país a exemplo do bairro Boa Esperança Central precisamente na área do buraco da Polícia e do Kiximbi onde os moradores interpelados pelo nosso jornal lançam grito de socorro estendendo as mãos em busca de uma vida digna após 15 anos de sofrimento associando também a realidade de extrema pobreza que enfrentam no dia-a-dia.
Paulina Luinda está consciente que a sua casa pode ser engolida pelas ravinas e caso aconteça, poderá ficar sem abrigo a semelhança dos demais vizinhos. Dona Luinda como carinhosamente é chamada referiu que a situação piora a cada época chuvosa tendo mesmo dito que por conta da situação de vulnerabilidade, as pessoas normalizaram conviver com mosquitos, ratos e baratas a todo instante.
“Nós já estamos acostumados a viver nessas condições, pois, só temos que suportar e agradecemos a Deus por estarmos ainda vivos” rematou a nossa entrevistada.
Outro morador atende pelo nome de Lucas Ernesto que não escapa do mesmo problema e lamentou a retirada forçada de outros vizinhos que abandonaram as casas devido a situação que tem tirado sono àqueles habitantes.
Para a Dona Albertina Faria que lamenta a condição em que vivem no quotidiano, no tempo seco tudo fica na normalidade e as pessoas circulam sem problema nenhum.
“Para além do lixo que rodeia o bairro, outro problema tem que ver com a água que penetra nas casas, e isto como senhor Jornalista pode ver, a minha casa está prestes a desabar em função das águas que vão danificar as paredes, daí que, precisamos de ajuda e se possível uma evacuação,” implorou.
Já o Coordenador da Comissão de Moradores, Domingos Salvador diz que a situação já se arrasta desde 2010, período em que se começou a cadastrar as famílias que vivem em zonas de risco acrescentou o nosso entrevistado que de seguida se queixou pela não intervenção do governo.
“Desde 2010 que começamos a fazer cadastramento das pessoas que se encontram em zonas de risco e até hoje nada foi resolvido, na altura nos haviam indicado um terreno onde se poderia alojar as famílias cadastradas e para o nosso espanto, o espaço foi ocupado pelos habitantes de Viana” alegou o responsável.

Dada a realidade que aí se vive, várias crianças não conseguem ir à escola tal como confirmou outro morador que atende pelo nome de Frederico Hossi. O mesmo lamenta as várias doenças contraídas por causa do cenário.
Recordar que o nome do bairro” Boa Esperança” surge pelo nível de sofrimento enfrentado pelos habitantes, motivados na altura pela célebre frase” Vamos ter esperança, um dia as coisas vão melhorar ” pretensão que até aos dias actuais não se traduziram em efeitos desejados.
Importa referir que o governo angolano dentro do seu plano de acção tem acudido situações semelhantes em zonas periféricas fazendo evacuação de populares que vivem em zonas de risco colocando-os algumas vezes em projectos de casas sociais e não só.


