Apesar de ainda haver registos de alguma desordem, há uma baixa considerável de índices de criminalidade naquela zona afecta à comuna do kifangondo, município do sequele, província do Icolo e Bengo.
Há anos que os populares do bairro alto vidrul eram apavorados pelos índices elevados de criminalidade fazendo com que na altura se recolhessem mais cedo para se afugentarem dos amigos do alheio, hoje, o cenário é diferente e já se pode andar com alguma comodidade.
Por: João Afonso
O sossego que hoje se assiste no bairro alto vidrul é graças a um trabalho aturado da polícia e da própria comunidade reconhece o coordenador da comissão de moradores. Lúcio Cassoma não deixou de reconhecer igualmente o trabalho das igrejas locais e considera actualmente a zona abençoada e agradece por isso todas as forças vivas que lutam pela causa.
O nosso entrevistado começou por citar as políticas de reintegração social com objectivo de ajudar os adolescentes que ainda tentam de alguma forma criar instabilidade no bairro.
“ Estamos a falar dos nossos adolescentes que procuram a todo custo vender materiais ferrosos encontrados em determinados locais do bairro a fim de manter a sua sobrevivência, estes não representam algum perigo, pois estão identificados e graças ao nosso esforço, eles poderão encontrar outra forma de sobrevivência” desafiou o coordenador.
O Jornal Liberdade soube que através do campo de evangelização muitos jovens que outrora se dedicavam no mundo da delinquência abraçaram a palavra de Deus dando maior tranquilidade no bairro, conta o Pastor José Adão da Congregação Nova Visão de Cristo.
“ É uma zona que requer muito trabalho de evangelização, é difícil transmitir uma mensagem para alguém que está no mundo da delinquência, é preciso manter uma postura harmoniosa e ter um espírito forte até porque já nos atiraram pedras ao evangelizar certas pessoas, mas não nos cansamos, cristo é a nossa força e devemos seguir em frente” esclareceu o Pastor que de seguida destacou o papel social da igreja que tem como pano do fundo o apoio social, psicológico e mental ou seja resgatar as almas perdidas.
O nosso Jornal interpelou alguns jovens que antes se dedicavam no mundo da delinquência como é o caso do jovem Danildo Fernandes que admitiu que tirava sossego na comunidade.
“ Foi um longo processo para me desfazer do mundo do crime, eu era desprezado e humilhado pela família e isto fazia com que eu me metesse cada vez no mundo do alcoolismo e hoje me tornei uma nova criatura”.
João Sebastião Bento confessa que foi marginal por muitos anos e lembra com amargura as acções protagonizadas por ele mesmo na altura.
“ Sinto vergonha e choro por dentro quando lembro o que eu fazia, vi três (03) dos meus amigos a morrerem nessa vida, eles foram fuzilados supostamente pelos agentes da polícia, hoje percebi que o mundo não tem nada para nos oferecer, a solução é mesmo ter Cristo nos nossos corações”
Já a jovem Fátima Lukamba reconhece que era uma pessoa mergulhada em confusões e só gostava de curtir festas, mas a palavra de Deus soou mais alto aos seus ouvidos e actualmente entregou-se completamente à igreja, contou a jovem visivelmente emocionada.
Por sua vez, os moradores ouvidos por nós,reconhecem igualmente o baixo índice de criminalidade como atesta Américo Feliciano residente há 20 anos nesta circunscrição que lembra o terror que se assistia há cinco anos .
“ Já há sossego no bairro, conseguimos andar, apesar de haver ainda grupos de gangues ou seja jovens que lutam entre si criando alguma desordem, mas considero uma gota no oceano, uma vez que não compromete na totalidade a paz no nosso bairro” salientou.
Rosa Domingos António, mostrou – se preocupada com os adolescentes que levam tudo que encontram nas esquinas ou em quintais supostamente abandonados ou mesmo em sítios baldios, aí segundo acrescenta Dona Rosa, os adolescentes levam ferros, chapas, bidões para pesarem e tais práticas só acontecem por falta de emprego, disse a nossa entrevistada.

